Segurança e festas na UFSC

Ultimamente, nos corredores da universidade, se tem conversado muito sobre a questão da segurança e festas no campus, porém, pouquíssimo debate foi realizado com a comunidade (universitária e entorno) aprofundando estes dois temas e, consequentemente, nenhuma articulação efetiva foi tomada pelo movimento estudantil como um todo..

A nova reitoria de Cancellier/Alacoque vem tomando medidas autoritárias, em conformidade com as orientações do Ministério Público Federal[1] para impedir o acontecimento de festas no campus alegando ser uma questão de segurança, tendo em vista os casos de assalto nos últimos happy hours. Obviamente,o número de registros de ocorrências de assaltos dentro do campus diminuiu, o que não significa que em geral (fora do campus) este tipo de violência tenha diminuído, e muito menos significa que o espaço da universidade esteja mais seguro. Portanto, cabe debate para distinguir as diferenciações na relação entre as festas e a segurança na UFSC.

A segurança das pessoas, tanto no campus quanto fora dele, é uma questão que não se resume às festas, e não pode ser limitada por elas como faz a atual reitoria (e como fizeram outras reitorias), que se utiliza das ocorrências de assalto para impor a proibição de qualquer – ou quase qualquer – evento de integração da comunidade universitária dentro da UFSC.

O movimento estudantil há tempos vem batendo na tecla da segurança, falando sobre a iluminação, sobre ocupar coletivamente os espaços da universidade com pessoas, com arte, com cultura, sobre uma guarda universitária preocupada com as pessoas e não apenas com o patrimônio etc. Mas o que as reitorias decidem fazer como medida de “segurança”? Colocar cancelas para carros nas entradas, instalar delegacia da mulher (que traz uma extensa discussão sobre seu papel) e proibir festas! O esvaziamento que temos visto no campus no período da noite por causa desta proibição não nos dá nenhuma sensação de segurança, muito pelo contrário, voltamos correndo para casa após nossas aulas. E aquelas/aqueles que não dispensam o lazer estão ocupando as praças e bares, tendo que, inevitavelmente, andar pela cidade e correr os mesmos riscos de qualquer centro urbano de uma sociedade desigual. Além disso a reitoria com sua Secretaria de ações afirmativas (SAAD) ignoram o fato de que o acesso da polícia ao campus só serviu para aumentar e militarizar racismo institucional contra os estudantes e comunidade negra dentro do campus.

A proibição das festas, junto às demais medidas, não faz do campus um lugar mais seguro, não impede os assaltos e roubos (só os transfere, em parte, de local), prejudica a integração e lazer da comunidade universitária e retira um dos principais meios de financiamento do movimento estudantil. Por isso, precisamos estar ativos e auto-organizados em nossas bases, construir comitês de autodefesa junto aos setores oprimidos e reocupar um espaço que é nosso, não deixando questões tão caras na mão das autoridades “competentes” que só operam em uma lógica: proibição e repressão.

PELO RETORNO DAS FESTAS NA UFSC!

POR MAIS ILUMINAÇÃO E ÁREAS DE CONVÍVIO!

CONSTRUIR COMITÊS DE AUTODEFESA!

FORA POLÍCIA DO CAMPUS!


[1] O MPF em junho de 2014 impôs o cancelamento de duas festas que ocorreriam no campus alegando violação das normas de decibéis. Em Novembro de 2015 o MPF ´´recomendou“ que a reitoria regularizasse a venda de bebidas e alimentos na UFSC e proibisse a entrada de ambulantes, Já em agosto deste ano o mesmo MPF baixou uma orientação pedindo mais controle e rondas policiais nas festas.

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