Coletivo LutaSociais – Boletim nº 1 (março/2023)

Coletivo LutaSociais – Boletim nº 1 (março/2023)

Saudações estudantes combativos! Trazemos aqui a primeira edição do boletim do Coletivo LutaSociais da UFSC, com o intuito de informá-los sobre questões do curso e da universidade.

Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CALCS)

No dia 21 março, em reunião aberta do CALCS, estudantes trouxeram à tona a situação precária do espaço físico utilizado pelos mesmos, principalmente dentro do CFH. Nos informes, uma estudante falou sobre a necessidade de utilização de um laboratório para uma matéria, a qual não estava acontecendo por falta de disponibilidade de local. Nós, do LutaSociais, ressaltamos a necessidade de trazer como pauta a utilização do espaço físico pelos estudantes, levando em conta também o fechamento precoce das salas dos centros acadêmicos, que um dia já ficaram abertas até as 22h, mas hoje fecham antes das 19h; da dificuldade de estudantes para reservar salas no CFH, visto a quantidade extremamente limitada de salas disponíveis para a reserva; e da situação precária das próprias salas, que muitas vezes estão com aparelhos, como ar-condicionado, inutilizáveis. Com isso em mente, a proposta de trazer a utilização do espaço físico pelos estudantes como pauta de discussão dentro da reunião do centro acadêmico, para se organizar soluções a partir do CALCS, foi aprovada e colocada como pauta da próxima reunião, a do dia 28 de março. A principal pauta da reunião do dia 21 foram os casos de nazismo dentro do CFH, tendo em vista o desenho de uma suástica na porta da sala do CALCS. A respeito disso, da mesma reunião foi tirada a confecção de cartazes, os quais foram arrancados.

Menos de uma hora antes da reunião do dia 28, a coordenação do CALCS entrou informalmente em contato conosco para nos informar que, em reunião interna fechada da coordenação do centro acadêmico, decidiram retirar a pauta já aprovada por consenso, dizendo que ela já estaria integrada em outra pauta da reunião, que seria a da carta de reivindicações feita pelo CALCS para ser entregue para as chapas concorrentes à direção de centro do CFH. O que permite esse tipo de ação passar batida é a falta de transparência do CALCS ao longo de sua gestão. A organização de reuniões fechadas, que não é um ato recente, junto da ausência de disponibilização de atas das reuniões, que muitas vezes nem são produzidas, só ressaltam o seu descompromisso com a base estudantil.

Além disso, outros ocorridos reforçam o descaso da atual gestão com o próprio curso. É comum ver as bandeiras da força política que encabeça o Centro Acadêmico nas manifestações e em atos de ruas, mas as pautas que são discutidas para resolução de problemas do curso, que mais interessam os estudantes os quais eles deveriam representar, são muitas vezes jogadas para escanteio e perdidas em discursos de uma ação futura desde o começo da gestão. Fato é que foram pouquíssimos os momentos em que o CALCS atuou de maneira concreta para os estudantes de seu curso, apesar de ter sempre pontuado em suas reuniões uma diversidade de problemas carentes de solução e uma série de medidas a serem adotadas, essas, muitas vezes, dadas por alunos que frequentavam as reuniões, e eram ignoradas ou perdidas na desorganização dessa gestão.

Acreditamos que a ação do centro acadêmico de retirar a pauta já aprovada rompe com seu compromisso com os estudantes de ciências sociais, os quais ele deve representar. Além do rompimento com a democracia de base, também denunciamos a atitude de postergar os objetivos da luta estudantil e deixar na mão da instituição e do futuro diretor de centro, atitude que se demonstra recorrente dentro dessa gestão do CA. Com o passar do tempo, notamos que um dos principais motivos para que a luta para as melhores condições dos estudantes do curso ser deixada de lado se dava pelo foco eleitoral inabalável que o CALCS possui, fazendo campanha para eleições de cargos de gestão da UFSC e para deputados dentro da força política a qual apoiam. Estratégia, inclusive, que se mostra a mais equivocada quando se olha para a história recente dessas gestões, onde a gestão da reitoria, apoiada em sua candidatura pela força política que gere o CA (Movimento Correnteza), não cumpre com as promessas que prometeu à base estudantil, não providenciando, por exemplo, café da manhã no restaurante universitário. Da mesma forma, o Movimento Correnteza também apoiou a última chapa eleita para a direção de centro do CFH, a qual hoje não toma ação alguma em relação aos casos de nazismo que ocorrem dentro do centro.

Nós, estudantes de ciências sociais, precisamos da manutenção e expansão do espaço físico agora, e não acreditamos que a solução esteja apenas em mandar uma carta de reivindicações para, quem sabe, o futuro diretor de centro acatar nossos pedidos e pensar em como realizá-los. O LutaSociais tem certeza de que a melhor forma de atingir esses objetivos é a ação direta, não dependendo apenas da boa vontade da instituição, e muito menos de um diretor que nem sequer foi eleito ainda.

Desde o início das aulas presenciais pós-pandemia, até hoje, os problemas são os mesmos. Atos que visam melhorar o centro foram escassos até então, se é que existiram, e a atual gestão, que possui o mesmo núcleo de membros do Movimento Correnteza que a última, fica marcada com a postergação dos problemas e a negligência com os estudantes. Encaminhamentos de reuniões abertas são contraditas com decisões das reuniões fechadas, além de um boicote (intencional ou apenas como consequência da péssima organização que possuem) das reuniões e assembleias, sendo essas sempre marcadas e desmarcadas em cima da hora, com local incerto até pouco tempo antes de seu início, e locais de encontro que, em algumas vezes, foram marcados em outros centros, forçando os interessados a atravessarem a UFSC para ter uma participação ativa, desestimulando completamente os estudantes a se fazerem presentes, para assim o Movimento Correnteza garantir maioria nas reuniões.

Terceirizados

No começo do mês de março, os trabalhadores terceirizados da portaria do Restaurante Universitário, contratados pela D&L, entraram em greve por conta do atraso de mais de uma semana de salário. Também houve uma mobilização unindo estudantes e terceirizados, mas sem muita adesão. Sua pauta foi atendida, porém existem direitos ainda não pagos pela empresa aos trabalhadores, que rebocados pelo seu sindicato, propuseram uma conversa com a reitoria sobre possíveis outras mobilizações de greve e sobre a revisão do contrato da empresa, que já tem um histórico de atraso de salários e não cumprimento de direitos trabalhistas. O posicionamento da reitoria, na reunião com os trabalhadores no dia 21 de março, foi de aguardar até abril para rever o contrato, isso dependendo da mudança de postura da empresa. Novamente no mês de abril os salários dos trabalhadores e trabalhadoras da portaria do RU foram atrasados, a categoria declarou greve, e em reunião com o sindicato dos trabalhadores, representantes da empresa caloteira e a reitoria serão buscadas soluções para o problema. A solução é, e sempre será, o atendimento das reivindicações dos trabalhadores, o recebimento dos salários e direitos com indenização pelos atrasos. O rompimento do contrato com a D&L é sugerido pelo sindicato e também deve ser levado em conta como pauta. O LutaSociais declara apoio aos grevistas e enxerga como necessária a solidariedade entre estudantes e trabalhadores.

Diarreia na UFSC

Desde a primeira semana de aula da graduação, a UFSC tem registrado diversos casos de diarreia e intoxicação no Campus da trindade. Na semana posterior, a universidade acionou a vigilância epidemiológica do município para verificar os possíveis problemas. Um vírus foi detectado em ambientes da UFSC no último dia do mês, presente principalmente na água, e ao que tudo indica, esse patógeno foi o responsável pelo surto. A cidade de Florianópolis vive em uma epidemia de diarreia, que é resultado da falta de planejamento urbano e de um saneamento popular. O plano diretor recentemente aprovado na câmara de vereadores de Florianópolis contribui para a degradação do quadro de problemas de saneamento, visto que seu principal objetivo é apenas auxiliar os grandes empresários na construção de novos prédios e na especulação imobiliária, sem a devida responsabilização ambiental e social.

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