Organizar a revolta para barrar os aumentos de tarifa

Nos últimos dias de 2016, o povo de Florianópolis recebe a notícia do reajuste no valor da tarifa do transporte coletivo municipal a partir do dia 08 de janeiro. O valor passa de R$ 3,50 para R$ 3,90 – um reajuste de 11%, acima da inflação, chegando a segunda tarifa mais cara entre as capitais brasileiras.

O alto custo da passagem não se reflete em qualidade do serviço. A insuficiência é escancarada: são apenas 524 veículos e 2750 servidores para atender a uma população de 469 690 habitantes no município. Os usuários conhecem bem a situação precária do transporte na cidade e sabem também que se a passagem aumenta e o transporte continua ruim é sinal de que os empresários do Consórcio Fênix estão enriquecendo mais e mais às custas do povo. Além do enriquecimento às custas dos trabalhadores, os empresários colocam como principal justificativa para o aumento da tarifa o reajuste conquistado pelos trabalhadores rodoviários na última data-base da categoria. Motoristas e cobradores também sabem muito bem que o reajuste da categoria não justifica o aumento da tarifa, pois o que é reivindicado está totalmente de acordo com os ganhos dos patrões. Trata-se, na verdade, de mais uma tentativa de voltar trabalhadores contra trabalhadores – como se pudessem enganar aqueles que conhecem o cotidiano da empresa e do trabalho.

Em todo o país, as medidas de ajuste fiscal vêm golpeando violentamente as trabalhadoras e trabalhadores que dependem de serviços públicos que são cada vez mais precarizados, além de serem atacados também pelo aumento constante do custo de vida – do qual os gatos com transporte público representam parcela significativa. A exploração não deve ficar impune! Os empresários e governantes, inimigos do povo, devem temer diante da reação aos injustos aumentos de passagem!

O novo aumento anunciado exige um novo levante estudantil e popular em Florianópolis, como as Revoltas da Catraca de 2004 e 2005 e como o Levante de junho de 2013 protagonizado por estudantes e trabalhadores precarizados (terceirizados, autônomos e desempregados), justamente os sujeitos que mais necessitam do transporte coletivo para os deslocamentos entre seu local de moradia e locais de estudo e trabalho e têm boa parte dos seus baixos salários roubada pelas empresas mafiosas do transporte. Contrariando a subestimação preconceituosa da esquerda eleitoreira que afirmava sua incapacidade política, a ação dos “vândalos”, “baderneiros” e “desorganizados” impôs a suspensão do aumento do valor das passagens em mais de 100 cidades em todo o país através da ação direta nas ruas, da desobediência e enfrentamento às forças militares. Esse é o exemplo a ser seguido para barrar o novo aumento.

Anualmente, os reajustes são aplicados durante o recesso do calendário escolar, período dificultoso para a articulação do movimento estudantil, que historicamente cumpre papel importante nas lutas contra aumentos de passagem em todo o país. Esse cenário, associado à ausência de uma estrutura organizativa permanente e enraizada nas bases de escolas e universidades, debilita a capacidade de reação estudantil. Ano a ano, o ME se vê diante da árdua tarefa de iniciar do zero uma mobilização às vésperas do aumento, às pressas e com escassa militância, o que resulta em manifestações esvaziadas e com pouquíssimo poder de pressão política.

Para avançar da recuada posição defensiva para uma reação ofensiva capaz de impor suas pautas pela força da insurgência popular, defendemos a criação de instrumentos para articular discussões e ações em torno da pauta do transporte público, como o Fórum permanente de luta pelo Passe Livre (FPL), que congrega Comitês pelo Passe Livre organizados por local de estudo, trabalho e moradia. Esse modelo supera os limites da ilusória “horizontalidade” em que o poder decisório independe do trabalho político, pois concede direito a voto nas plenárias apenas a representantes de comitês de base, garantindo que a decisão sobre os rumos da luta emane das bases organizadas, combatendo o oportunismo de correntes, coletivos e partidos que disputam seus programas apenas nos espaços de articulação de militantes e não se dedicam a organizar cotidianamente suas categorias.

Superar os limites organizativos e massificar a ação direta em defesa de um transporte público gratuito e de qualidade para atender o povo pobre é elemento fundamental do combate ao ajuste fiscal e às medidas anti-povo do Estado burguês!

Enquanto houver aumentos abusivos, que hajam novas Revoltas da Catraca! Façamos 2013 novamente!

ABAIXO OS AUMENTOS DE TARIFA!
PASSE LIVRE OU REBELIÃO!
É BARRICADA, GREVE GERAL, AÇÃO DIRETA QUE DERRUBA O CAPITAL!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *