As aulas começaram e a situação no campus central da UFSC encontra-se pior do que no final do período letivo de 2015. Tem-se a impressão geral de que neste ano, ao contrário dos anteriores, a administração universitária não se deu nem ao trabalho de maquiar os problemas aparentes para, pelo menos, causar uma boa primeira impressão na calourada. Esse primeiro semestre de 2016 vem sendo marcado não apenas pelo corte orçamentário bilionário na educação federal, mas também pela arte de “tacar o foda-se” (já esperado por ser o fim do mandato de uma reitoria que não possui mais perspectiva de se reeleger). Mesmo assim, a atual gestão da universidade vem conseguindo impressionar diariamente, não só a calourada, mas também a totalidade da comunidade, com diversas surpresas como: filas quilométricas no R.U, farinha no lugar do arroz, mictórios interditados, banheiros sem papel, falta de álcool e/ou sabonete para higienização das mãos (em tempos de h1n1), computadores parados por falta de manutenção, bebedouros sem funcionamento, estudantes sendo obrigados a dormir em frente a PRAE para garantir encaixe no próximo atendimento pela manhã, e por ai vai… Se fôssemos listar todos os problemas gastaríamos papel demais – e papel é um artigo em falta em alguns centros da UFSC.
Ao contrário das burocracias estudantis, que gastam força defendendo o governo ou pedindo eleições gerais, entendemos que a tarefa do momento é reorganizarmos o movimento estudantil pela base, a partir do levantamento dos problemas que atingem nossas salas de aula ou turmas. Em seguida, unificarmos nossas reivindicações com as das outras turmas de nosso respectivo centro acadêmico para, a partir dessa união, pressionarmos as direções de centro até conquistarmos desde bebedouros que funcionem até verba para construção de novos laboratórios em nossos centros. A luta, porém, não deve parar em nossos centros. A próxima tarefa deve ser a unificação de nossas forças e reivindicações: turma com turma, curso com curso, centro com centro, universidade com universidade e estudantes universitários com outros setores e movimentos sociais. Assim obteremos força para pressionar direções de centro, reitorias, Ministério da Educação, monopólios empresariais e governos.
Somos convictos de que política não se faz de forma simplista, se resumindo em apoiar ou votar em X ou Y, mas sim de que fazer política é lutarmos nós por nós mesmos. Ou seja, construir um projeto de poder de baixo para cima, da periferia para o centro, do local para o nacional, do bebedouro para a resistência contra o Plano Nacional da Educação e o ajuste fiscal do Governo Federal. A partir deste princípio de construção pela base, devemos organizar grupos de ação em nossas turmas e centros acadêmicos para cobrar a solução imediata de problemas específicos (falta de papel, bebedouros, etc.) sempre os interligando à questão local e nacional, que hoje se traduz economicamente no ajuste fiscal e politicamente nessa polarização fantasiosa entre os projetos políticos da direita e da esquerda reformista.