No dia 12 de abril aconteceu na Grande Florianópolis a Assembleia de trabalhadores da educação estadual de Santa Catarina, que reuniu mais de 5 mil trabalhadores.
Este texto é uma análise crítica e honesta sobre o nosso entendimento sobre a Assembleia e de seus encaminhamentos. Com isso, nós do SIGA-SC buscamos contribuir com o debate político entre os trabalhadores em educação e com o avanço da luta da categoria.
1. Assembleia antidemocrática
Apesar da Assembleia ter durado por volta de 3 horas, apenas 30 minutos foram abertos para falas da base da categoria durante o ponto de pauta de conjuntura, sendo 13 falas de 2 minutos.
Além disso, foi uma dificuldade conseguir inscrição. Primeiro informaram que seria feita uma fila, que nunca existiu. Depois, a direção estadual passou recolhendo os nomes dizendo que só podiam falar uma pessoa de cada direção regional. Diversos trabalhadores não conseguiram se inscrever.
2. Assembleia-palanque eleitoral
Das 3 horas em que durou a Assembleia, as duas primeiras foram apenas falas do DIEESE, das burocracias sindicais (direção estadual do SINTE e CNTE) e de parlamentares.
Ou seja, na Assembleia dos trabalhadores em educação, os trabalhadores em educação só puderam falar, em sua própria Assembleia, depois de 2 horas, e falaram por apenas 30 minutos (ou menos, já que algumas inscrições foram dos mesmos grupos políticos que monopolizaram a fala durante toda a Assembleia).
Fazer os trabalhadores viajarem durante horas para ser platéia de mais duas horas de lengalenga e sem poder falar só pode ser entendido como um desrespeito total com a base da categoria.
3. Assembleia sem debate e sem Plano de Lutas
Como quase nenhum trabalhador pôde falar, não houver debate algum sobre as pautas da categoria e nem se debateu um verdadeiro Plano de Lutas. O que a direção chama de ‘plano de lutas’ não passa de uma lista de reivindicações. Não foi debatido quem ia fazer o que, até quando e nem como fazer a mobilização pelas pautas, não existe plano.
Para os pontos de pauta de campanha salarial, plano de lutas e calendário, nem se quer foram abertas inscrições para a categoria falar, e serviu simplesmente para referendar o que as burocracias sindicais decidem na direção estadual e no Conselho Deliberativo junto das direções regionais.
4. Assembleia “desorganizada”
A direção estadual organizou a Assembleia para ser propositadamente desorganizada. As inscrições para fala foram um caos, e o tempo para as falas da categoria foi diminuído por conta do tempo avançado (claro! Depois de duas horas!).
Essa desorganização não é acidental, é uma política deliberada. Quem não lembra, durante a pandemia, da Assembleia virtual que nem mesmo o chat de mensagem estava aberto para a categoria?!
Para que não nos interpretem mal…
… não estamos fazendo aqui uma crítica pessoal contra as pessoas que compõe as direções ou que se dedicam a luta parlamentar, e também não somos contra estes falaram na Assembleia. Fazemos aqui uma crítica política ao formato da Assembleia, que cansa os trabalhadores durante horas e os impedem de debater e participar de sua própria Assembleia, priorizando longas falas de quase meia hora para alguns, e apenas 30 minutos para a base da categoria.
A crítica política é nossa aliada, e todo trabalhador que esteve presente na Assembleia entende o que dizemos aqui. A solução não é nenhum mistério: o mesmo tempo de falar para todos!