Professora do CEJA relata diversos problemas na renovação de contrato

Professora do CEJA relata diversos problemas na renovação de contrato

Reproduzimos abaixo, na íntegra, o relato de uma professora da rede sobre os diversos problemas que os trabalhadores tem enfrentado para conseguir uma vaga no CEJA.

Nos envie também o seu relato para nosso whatsapp (48) 9 9609-4153


Relato sobre a renovação de contratos do CEJA

“Recebemos a notícia oficial da renovação de contratos por meio de um email encaminhado pela direção no dia 7 de julho. O email vinha re-encaminhado do Setor de Recursos Humanos do dia 29 de junho.

Até aquele momento não havia certeza sobre a renovação e muitos acreditávamos que as vagas voltariam todas para o sistema de Ocupação de Vagas e escolheríamos novamente como no início do ano.

A notícia foi comemorada, apesar de um pequeno detalhe no email que dizia que a renovação estava sujeita ao desejo das direções de manter o professor. Esse pequeno detalhe já instalou a primeira desconfiança: quais motivos podem justificar a direção escolher ou vetar a renovação de um professor?

No Ceja de Florianópolis, todos os professores foram convocados para uma escolha de vagas na semana seguinte. Iniciando pelos professores efetivos que completam carga horária no Ceja e em seguida pelos Acts. A escolha deveria seguir a classificação do Processo Seletivo e, até então, a única exigência era que mantivéssemos exatamente a mesma carga horária do primeiro contrato.

As escolhas aconteceram de forma lenta, com algumas confusões. Muitas disciplinas foram afetadas pela reforma do Ensino Médio e tiveram cargas horárias diminuídas, o que dificultava a manutenção da mesma carga horária para alguns professores. Caso o professor ou professora não conseguisse montar ali sua grade de aulas, o próximo professor da lista era chamado. Isso criou um clima ruim entre os professores que durante o primeiro semestre eram colegas de trabalho e agora se enxergavam como competidores.

No segundo dia de escolha, os professores de português foram reconvocados para a escolha com a informação de que deveriam manter o mesmo número de aulas nos mesmo turnos em que trabalhavam antes. As demais disciplinas escolheram de acordo com aquela única exigência que havia sido colocada até então: manutenção de carga horária.

Veio a semana de formação e tudo corria bem, aparentemente todos haviam conseguido suas aulas. Na quarta-feira pela manhã começam a chamar os professores para assinar os novos contratos. No entanto, na quarta-feira a tarde, vem a notícia de que os contratos estavam sendo barrados pelo setor de RH da Sed por haver mudanças nos turnos das aulas. Todos os professores foram convocados novamente para a escolha de aulas na quinta-feira, ainda na semana de formação.

Agora teríamos que, além de manter a mesma carga horária, escolher o mesmo número de aulas nos mesmos turnos que trabalhamos no primeiro semestre. Novas dificuldades surgem, pois as vagas eram limitadas e a restrição na escolha de horários dificultava ainda mais. No meu caso, estava em boa classificação no Processo Seletivo, mas precisaria escolher uma vaga com choque de horário com meu trabalho em outra escola. Caso não escolhesse, corria o risco de que as próximas colocadas com menor carga horária pegassem as aulas restantes e eu terminasse sem contrato, ou com uma carga horária bastante reduzida para o segundo semestre. Além da restrição de horários, o CEJA funciona em vários locais e nem sempre foi possível manter o local mais desejado pelo professor. A escolha era tudo ou nada: manter suas aulas mesmo com todas as restrições na escolha ou a total incerteza de trabalho no segundo semestre.

Assim foi, conseguimos a renovação nesses termos. Pessoalmente, fui prejudicada pois não consegui remanejar meus horários na outra escola e tive que interromper meu contrato lá, terminando com meu CPF bloqueado nas próximas escolhas de vagas pelo sistema.

O que se seguiu foram boatos nos corredores e relatos ainda piores vindo de outros professores. Alguns não puderam renovar suas vagas.

A sensação que fica é de desrespeito e de ser completamente descartável. É visível que as gestões se beneficiam do clima de competição e desunião que se instala entre os docentes. Ao mesmo tempo, a sensação de que ter estudado e alcançado boa classificação no Processo Seletivo (com todos os problemas que esse acarretou) não serve de muita coisas quando os critérios podem mudar a qualquer momento.

Além de todas as confusões, os contratos foram sendo assinados durante a semana do recesso, minando os planos daqueles professores que iriam viajar e/ou visitar suas famílias e tiveram que manter-se em plantão para a assinatura do novo contrato.”

Relato escrito por uma professora.

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