*Comunicado da FOB, publicado em lutafob.org
No dia 29 de janeiro é celebrado no Brasil o dia da visibilidade trans. A data remete ao ato trans e travesti de 2004 que entrou no Congresso Nacional e marcou a luta pelos direitos da nossa população.
De fato, esse dia deve ser o dia de relembrar nossas lutas através do globo e através da história. Temos que nos lembrar, é claro, dês combatentes da revolta de Stonewall, mas aqui mesmo na periferia do mundo, temos muitos exemplos de luta pra reverenciar. Hoje é dia de se lembrar da comunista argentina Lohanna Berkins e sua luta classista pelos direitos trans, de Amelio Robles Ávila, homem transgênero que combateu tanto na Revolução Mexicana quanto pelo direto à sua identidade, de todas as trans e travestis que combateram de forma autônoma os ¨rondões¨ e prisões do Estado brasileiro.
A luta trans é historicamente, uma luta contra o Estado. Pois o Estado não nos mata por acaso, os governos historicamente se utilizaram de seu aparato repressivo para combater as dissidências de gênero e manter intacto seu precioso sistema patriarcal de dominação.
Mesmo diante de tantas opressões, nós, pessoas trans, não somos só nossas lutas ou nossos sofrimentos, somos, como quaisquer outras pessoas, criadoras. Apesar do enforque das normas cisgêneras da arte, continuamos sendo atrizes, cantoras e instrumentistas. Somos produtoras de conhecimento, e se a academia não aceita o que produzimos, então colocamos nosso conhecimento em zines independentes, em editoras autônomas: nascemos para ocupar os espaços independente dos ataques que sofremos.
No dia da visibilidade trans, que se lembre sempre de toda potencialidade artística, criadora, intelectual e humana das pessoas trans. E que sempre tenhamos em mente o seguinte objetivo: transformar cada sala de aula, cada local de trabalho e cada pedaço de terra em território trans e travesti!